Com 150 anos de história, Linha Marechal Floriano faz parte do 5º Distrito de Venâncio Aires – Centro Linha Brasil. O nome da localidade é uma homenagem ao segundo presidente do Brasil, Floriano Vieira Peixoto. Ele governou o país entre os anos de 1891 a 1894.
A localidade passou a ser chamada de Linha Marechal Floriano em 1937, na época da Segunda Guerra Mundial. Antes disso, era conhecida como Grüner Jäger – uma expressão, em alemão, que significa caçador verde. Naquela época, como muitos moradores de Venâncio Aires tinham vindo da Alemanha ou eram descendentes desses imigrantes, era bem natural falar em alemão.
Mas, afinal, por que houve a mudança de nome de Grüner Jäger para Marechal Floriano? Isso aconteceu porque, no período da guerra, foi proibido falar o idioma alemão no Brasil. Livros escritos em alemão foram queimados, nomes de sociedades tiveram que ser modificados e as aulas que eram realizadas em alemão passaram a ser, obrigatoriamente, em português. Já ouviu alguma história assim? Pergunte para
Agora que você já sabe que a localidade teve seu nome alterado, deve estar curioso para entender por que ela era conhecida, nos primeiros anos, por Grüner Jäger – tradução de caçador verde. Essa história tem relação com um personagem importante da colonização alemã em Venâncio Aires: Christian Heinrich Bencke.
Ele, que era um soldado do Exército Alemão, foi o primeiro imigrante a chegar em Centro Linha Brasil, em 1860, quando só havia mata fechada na região. Dá para imaginar o quanto foi difícil ter que construir tudo do zero, abrindo espaço no mato e convivendo praticamente na selva, não é mesmo?! Christian Bencke utilizava, então, seu uniforme verde do exército para se camuflar na mata, caçar e pescar naquela região. Foi por isso que surgiu o apelido Grüner Jäger.
Christian Heinrich Bencke era casado com Maria Eva Augustin e teve 8 filhos. Muitos descendentes dele ainda residem na região do 5º Distrito, incluindo Marechal Floriano, além de terem se espalhado para outras partes. Em Centro Linha Brasil, há uma escola com o nome em homenagem a ele: a Escola Estadual de Ensino Fundamental Cristiano Bencke.
A localidade de Linha Marechal Floriano comemora 150 anos de existência, em 2022. Isso porque foi em 1872 que aquela região começou a ser habitada, com a chegada do primeiro morador, Philipp Peiter Filho. Nascido na Alemanha, ele veio ao Brasil com os pais, em 1851, aos 3 anos. A família morou, inicialmente, em Alt Pikad – Picada Velha, hoje, Alto Linha Santa Cruz, considerada o berço da colonização alemã em Santa Cruz do Sul.
Em 1872, com 18 anos, Philipp Peiter Filho se mudou para a localidade de Marechal para começar a vida. Logo depois, chegou o segundo morador, o irmão dele, Friedrich Peiter. Após, foi a vez de Peter Bencke - filho de Christian Heinrich Bencke (o Grüner Jäger). Ele era casado com Wilhelmine Peiter, irmã de Philipp e Friedrich Peiter. Os vizinhos estavam todos em família!
Desse modo, as famílias Peiter e Bencke foram as primeiras da localidade e, 150 anos depois, ainda há diversos descendentes deles vivendo em Marechal Floriano. Com o passar dos anos, outras famílias também passaram a residir no local, a maioria vinda de Alt Pikad, de sobrenomes Dreissig, Meurer, Arnemann, Dockhorn, Brandemburg, Tobe, Bottcher, Müller, Bade, Wessling, Glier, Stamm, Krüger, Klamt, Peise, Schmidt, Felten, Raasch e outras.
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Em 1882, dez anos depois da chegada dos primeiros moradores, foi construída a primeira escola da localidade, por Friedrich Peiter. Ele era marceneiro e ergueu a escola ao lado de sua casa. Passados 140 anos, a construção em pedra grés segue de pé, na propriedade de Aurélio Glier.
O ferreiro Henrique Müller foi escolhido pelos moradores para lecionar e, embora ele não tivesse formação específica para dar aulas, foi o primeiro professor de Linha Marechal Floriano, o que era bastante comum antigamente. Ele exerceu o cargo até 1891, quando veio da Alemanha o primeiro mestre, professor Beckmann.
Em 1884, foi fundada a Comunidade Evangélica de Grüner Jäger, por dez moradores: Philipp Peiter, Friedrich Peiter, Peter Bencke, Heinrich Bencke, Karl Bencke, Karl Meurer, Heinrich Müller, August Arnemann, Gustav Dreissig, Carlos Stamm. Dez anos depois, em 1894, a própria Comunidade Evangélica construiu um prédio escolar, que ficava onde hoje é o salão de festas. Durante a semana, era um lugar de aula, funcionando como escola. Nos domingos, local para o culto. Vários professores lecionaram nesta escola. Podemos destacar: professor Beckmann, Heesch, Fernando Bencke, Adolf Kaden, Rathke, Schloeffer, Edwin e Olga Bencke, Arno Dattein e, por fim, entre 1950 e 1959, o Erwin Bencke.
Esses professores eram pagos pelas famílias dos alunos que frequentavam a escola. Além do pagamento, cada pai dava, ainda, ao professor, uma vez por ano, uma carga de lenha (para o uso da sua casa) e meio saco de milho para seu cavalo. Em 1929, a comunidade evangélica construiu a sua igreja. Então, as aulas passaram a ser realizadas dentro da igreja e a antiga escola foi transformada em moradia para os professores.
Em 1960, essa instituição de ensino encerrou as atividades e iniciou a Escola Rural de Marechal Floriano, que depois se tornou estadual. Ela foi inaugurada em 1961 e funcionou até 2007, em terras doadas pelos senhores João Dreissig, João Alvino Sell, Arthur Bencke e Leopoldo Bergmann.
Arlindo Felten, que morava em frente ao colégio, foi o presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM) por 28 anos. A casa dele também servia de moradia para, em média, três a quatro professores, durante a semana. Como eles moravam longe, ficavam na localidade de segunda a sexta-feira, para poder dar aulas.
A filha de Arlindo e neta de João Dreissig, Marselia Ludwig, trabalhou como merendeira na escola por 30 anos. Ela recorda que a instituição foi construída na época do prefeito Alfredo Scherer e atendia cerca de 100 estudantes na época em que foi inaugurada, em 1961.
Entre as recordações de Marselia, estão o tradicional desfile que ocorria no dia 7 de setembro e envolvia os estudantes da escola. Após, era realizada uma festa no Salão Stamm com a animação da banda Jazz Brasil, na qual o pai, Arlindo, fazia parte.
Até a década de 1990, a localidade de Marechal Floriano contava com três escolas, mas hoje todas elas desativadas: Escola Estadual Marechal Floriano, Escola Municipal Santa Catarina e Escola Municipal São João Batista.
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