É difícil encontrar alguém em Venâncio Aires que nunca tenha tomado chimarrão! Compartilhar a bebida símbolo dos gaúchos é uma tradição no município. É comum encontrar familiares e amigos reunidos em rodas de chimarrão. Há quem diga que não pode passar um dia sem tomar um chima. Se não, fica até mesmo com dor de cabeça! Já ouviu algum relato assim?
Até mesmo nas empresas, entre colegas de trabalho ou em eventos é comum ver as pessoas tomando o mate amargo. O chá, preparado com erva-mate, é servido em uma cuia com uma bomba. Apesar de ser tomado quente, até mesmo no verão há quem não abra mão de tomar o chimarrão.
Desde 2009, o município tem o título oficial de Capital Nacional do Chimarrão. É a única cidade do Brasil com esse reconhecimento. E isso está na lei! O título foi estipulado por meio da lei estadual 13.281, a partir de projeto do deputado estadual Giovani Cherini.
O maior evento de Venâncio Aires também tem o chimarrão como o astro principal: a Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), que teve sua primeira edição no ano de 1986.
Outra curiosidade é que Venâncio conta com a Escola do Chimarrão: um local para aprender a preparar o chimarrão, conhecer sobre a história e os benefícios da bebida. A escola está localizada em Linha Travessa e também tem um ônibus que percorre diversas cidades do Rio Grande do Sul e até mesmo outros estados brasileiros.
Mas, afinal, como começou esse envolvimento do município com o chimarrão? A historiadora Angelita da Rosa explica que o chimarrão é uma herança dos índios.
Venâncio Aires teve uma grande população indígena, no passado, e que tinha o costume de tomar o chá feito com a infusão da erva-mate. Mais tarde, vieram os imigrantes da região dos Açores/Portugal, que receberam terras e se passaram a morar no município. Além disso, os colonizadores que chegaram depois, principalmente os alemães, conheceram a bebida indígena e também passaram a tomar o seu chima.
“O chimarrão poderia ter desaparecido, assim como tantos outros hábitos indígenas, mas foi preservado porque passou a fazer parte do dia a dia de diferentes povos”, observa Angelita. Uma das possíveis explicações para isso é que, como a alimentação dos imigrantes na nova terra era muito diferente da qual eles estavam acostumados, os benefícios do chimarrão como um chá digestivo fizeram com que ele fosse incluído na rotina. Assim, essa tradição foi passando de pai pra filho e chegou até os dias atuais. A sua família tem o hábito de tomar chimarrão? Você já provou?
Não é uma novidade para nenhum gaúcho, que o chimarrão é um símbolo do nosso estado, sendo inclusive, instituído pela Lei nº 11.929, de 20 de junho de 2003, como "Bebida Símbolo do Rio Grande do Sul". Mas será que você já ouviu algumas das curiosidades abaixo?
O chimarrão é tão importante que possui um dia para celebrá-lo, dia 24 de abril, onde comemoramos o Dia do Chimarrão e do Churrasco, este último que é outro símbolo do nosso estado.
Diariamente presente na vida da maioria dos gaúchos, é comumente tomado em uma roda de pessoas, mas também pode ser encontrado o "mate de parceria", sorvido entre duas pessoas, e o "mate solito", de uma pessoa apenas.
Entre os mateadores mais tradicionais, ainda se encontram algumas "regrinhas" no modo de matear. Em uma roda de chimarrão, por exemplo, a roda segue o sentido anti-horário, para direita, e deve ser entregue com mão direita, para simbolizar que a pessoa é bem vinda na roda. Caso esteja com a mão direita ocupada, impossibilitando entregar a cuia, pode-se dizer: "Desculpe a mão", e quem a recebe completa: "É a mão do coração". Há exceções no sentido da cuia em uma roda de mate, o primeiro mate pode ser oferecido como forma de reconhecimento e respeito, não importando seu lugar na roda, por exemplo, pode ser para alguém de mais idade, para uma mulher, para um aniversariante, enfim, vai de acordo com o desejo do "cevador".
A água do preparo do mate, não pode ser fria, pois auxillia para entupir o chimarrão, nem quente, pois queima a erva e acaba "lavando" o mate mais rapidamente. O chimarrão é tomado com uma água de temperatura quente, nunca fervente, em torno de 70° a 80° graus, varia pelo gosto de cada um. A bebida tomada com água em temperatura ambiente ou até gelada, é chamada Tererê ou Tereré, muito tradicional na região centro-oeste do Brasil, como também no Paraguai.
Mate ou Chimarrão: qual é a forma correta?
É comum ouvir pessoas dizendo que chimarrão é com gosto amargo, o tradicional, enquanto mate, se referia ao mate doce, que leva açúcar. No entanto, esta informação é um equívoco. Tanto o chimarrão, quanto o mate, são amargos, quando a bebida for levar açúcar ou algum outro ingrediente (chás, mel, leite, etc.), deve-se dizer mate com açúcar, mate com mel, mate com canela e assim sucessivamente.
Mas de onde surgiram estes nomes? Bem, voltemos ao passado!
O mate, chimarrão, amargo, verde ou como você prefira chamar, é uma bebida de origem indígena, e estes nativos a chamavam de mate, uma palavra provinda da língua quechua, que faz referência ao recipiente em que era tomado. Tempos depois, com a chegada de colonizadores e imigrantes, começaram a chamar de chimarrão, palavra que vem do termo espanhol cimarrón, por ser uma bebida rude, xucra, bruta, tanto em seu sabor, como em seu modo de tomar.
Nomeclaturas relacionadas ao chimarrão
Ditados relacionados ao chimarrão
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Quechua: Língua falada por diversos povos nativos da América do Sul.
Cimarrón: Termo em espanhol, que significa "selvagem, não domesticado". Antigamente, o gado selvagem que habitava o pampa gaúcho, era chamado de gado chimarrão ou gado cimarrón, para os espanhóis.
Estribo: Peça da encilha onde se apoia o pé.
João Simões Lopes Neto: Escritor e empresário pelotense, viveu entre 1865 e 1916, conhecido principalmente pelas obras Contos Gauchescas e Lendas do Sul, que engloba lendas, causos e contos. Simões é considerado por muitos, o maior autor regionalista do RS.
Carijo: Um dos processos tradicionais do preparo da erva-mate, feito pelos indígenas na secagem da erva.
Fenachim, a principal festa de Venâncio Aires
A Fenachim em destaque na Folha do Mate, desde a primeira edição
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