Rua Tiradentes

Vem conhecer mais sobre a Rua Tiradentes, a rua que liga norte e sul da área urbana de Venâncio. 

 


 

Quem foi Tiradentes?

 

 

Nascido em 12 de novembro de 1746, na então Capitania de Minas Gerais, Joaquim José da Silva Xavier era de uma família humilde, perdeu os pais de forma precoce, e devido a isso teve que trabalhar ainda muito jovem. Dentre as suas várias profissões, como tropeiro, mineiro e comerciante, foi dentisa, que na época, resumia-se  a arrancar dentes, cria-se então seu apelido "Tiradentes". Mas foi como alferes dos Dragões Reais de Minas que encontrou estabilidade, onde comandou o Caminho Novo, estrada que levava de Vila Rica ao Rio de Janeiro, capital do Império. Mesmo não sendo um intelectual, era um interessado em assuntos políticos, como as leis constitucionais dos Estados Unidos, país que era uma recente república.

A partir de meados do século XVIII, período do Ciclo do Ouro, começa a surgir em Minas Gerais, um descontentamento com o Império, devido aos altos impostos cobrados pelas extrações de ouro. Um dos impostos da época, era o "Quinto do Rei", onde um quinto do ouro extraído, era de propriedade da Coroa Portuguesa. Muitos acreditam que, devido a este imposto, tenha surgido a expressão "quinto dos infernos". A Coroa exigia 1500 quilos de ouro por ano, no entanto, a exração deste minério começou a reduzir, criando uma dívida com os europeus. Com esse período crítico, Portugal implementou a "derrama", que obrigava os mineradores a pagar com suas posses de valor, caso não atingissem o objetivo. Esse decreto aumentou apenas reforçou um movimento de independência.

Chamaram de Inconfidência Mineira, começou a ser planejado em Vila Rica em 1788, para entrar e prática no ano seguinte. Desejava a República da Capitania de Minas Gerais, inspirada na independência estadunidense e em alguns pensamentos iluministas. Tinha grandes nomes de destaque, desde padres, advogados, poetas, até grandes proprietários de terra e militares. Dentre os principais divulgadores do movimento, estava Tiradentes.

Entretanto, mesmo antes de sair do papel, a conspiração mineira foi denunciada por Joaquim Silvério dos Reis, que contou todos os detalhes, inclusive os nomes envolvidos do esquema. Em troca teria o perdão das dívidas e da retirada de seu nome nos envolvidos entre os rebeldes. 

Todos foram presos e castigados, mas os portugueses  tinham que escolher alguém para servir de exemplo do que acontecia com os rebeldes à Coroa. Sendo de uma classe social inferior, sem ligação com a Igreja e não tendo pedido perdão pelos seus atos, Tiradentes foi o escolhido para servir de exemplo aos que apoiavam a revolta. Seus bens foram confiscados, sua casa queimada e derramaram sal em sua terra, tornando-as impróprias para o cultivo. Levado ao Rio de Janeiro, onde foi condenado à morte em 1792. Pelos seus atos de traição à Coroa Portuguesa, foi obrigado a andar pelas ruas cariocas em uma profissão, sendo após enforcado em praça pública, na praça que hoje recebe seu nome. Teve a cabeça decapitada e seu corpo esquertejado, sendo a cabeça exposta em Vila Rica e seus membros espalhadas pelo Caminho Novo, para mostrar o que acontecia com quem se rebelia com a Coroa. 

Décadas depois, com a proclamação da república, em 1889, necessitava de "heróis da pátria" para substituir as figuras monárquicas e para a construção de uma identidade para o país. Desta forma, volta a circular a história de Tiradentes, sendo apresentado, muitas vezes, semelhante à história de Jesus Cristo, fazendo do mineiro, mais que um herói, um mártir. Já no governo do marechal Deodoro da Fonseca, decreta-se o dia 21 de abril, data da execução de Tiradentes, como "dia dos precursores da independência brasileira", ou simplesmente, dia de Tiradentes. Esta data, vem a ser feriado nacional, a partir de 2002. Em 1965, em plena Ditadura Militar, no governo do general Castelo Branco, Tiradentes é condecorado com o título de "Patrono Cívico das Nações Brasileiras", além de também ser Patrono das Polícias e da Ondontologia Brasileira.

Rua Tiradentes

Com quase 3 quilômetros de extensão, indo desde a divisa dos bairros União e Morsch, até a Cidade Alta, cruzando o fervilhoso e movimentado centro venâncio-airense nos horários de pico, é a segunda rua mais movimentada da Capital do Chimarrão. Em seu decorrer, cruza por praças, igrejas, comércio, escolas, pontos de ônibus, hotel, delegacia, correios, até findar em uma empresa tabaqueira. Inúmeros foram os prédios de destaque que já residiram na Tiradentes, como a empresa de banha de Emílio Selbach (atual RGE), o Hotel Becker (edifício de três pavimentos, com uma bela fonte d'água, localizado entre a General Osório e a Reinaldo Schmaedecke), a Padaria Ruppenthal (entre as ruas Jacob Becker e Barão do Triunfo, era um dos prédios mais antigos da cidade), a Grêmio Gaúcho (na esquina com a Jacob Becker, onde hoje, pertence ao Colégio Bom Jesus, possuía um palco, salão de jogos, uma biblioteca, além do Cinema Gaúcho, era habitada por pessoas lusas principalmente, sendo a Sociedade de Leituras, mais visitadas por alemães. Poucos são as informações sobre esta sociedade, fundada em 1911) e o quartel do Tiro de Guerra 276 (atual prédio do Correio).

 

 

Hospital São Sebatião Mártir

Um dos prédios mais antigos e vitais na cidade e na região, fundado em 1935, ainda na Rua Osvaldo Aranha. Em 1936, inicia as obras no atual terreno, começando a funcionar neste novo prédio, em 1938., A costrução do hospital passou por diversas mãos ate se tornar realidade, através da influência e da força da coumidade local, podemos citar nomes como o do religioso Albino Juchem (hoje Presidente de Honra do hospital) e de Arthur Selbach, primeiro administrador da instituição. Passou por diversas reformas e ampliações, e hoje possui dentre outros serviços, o Pronto Atendimento 24 horas, o CDI (Centro de Diagnóstico por Imagem), a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), o Centro Cirúrgico e a Clínica de Nefrologia e Hemodiálise, sendo referência na região, atendendo aos moradores locais, além de cidades vizinhas, como Mato Leitão, Vale Verde e Passo do Sobrado.

 

 

Feira da Cooprova

Semanalmente, acontece às margens da Tiradentes, desde 1994, as feiras da Cooperativa de Produtores Rurais de Venâncio Aires, valorizando o agricultor local e os produtos cultivados no solo venâncio-airense. Momento muito apreciado por uma vasta clientela, os produtos são os mais variados, como conservas, mel e verduras.

Feira da Cooprova

 

Comercial Mahle

Há mais de 90 anos, este é um verdadeiro "comércio histórico". Em frente à deslumbrante Igreja Matriz, o Comercial Mahle é o mais antigo comércio ainda em funcionamento. Suas paredes e vitrines viram erguer as torres da Igreja, viram crescer o hospital, viram a carroças darem lugar aos veículos de motor, os cascalhos submersos pelo piche do asfalto e as pequenas resdiências dos arredores serem substituídas por lojas e Edifícios. Inicialmente, como armazém, vendia alimentos e móveis, conquistou seu sucesso e cresceu. Com as necssidades do tempo, diminuiu seu espaço e atualmente comercializa itens variados, como utensílios para pesca, ferragens e tintas.

Comercial Mahle

 

Delegacia de Polícia

A história da Polícia Civil no Brasil, remonta a tempos imperiais, mas é com a era republicana que ela toma as formas que conhecemos hoje, após a Constituição do estado, projetada por Júlio de Castilhos, Assis Brasil e outros nomes. Segundo relatos antigos, o primeiro delegado de Venâncio foi tenente-coronel Rufino Pereira, por volta de 1900, embora os documentos mais antigos sejam de 1940, na gestão de José Henrique Mariante. Rufino, irmão do coronel Thomaz Pereira, residia justamente na Tiradentes, na esquina com a rua que hoje, recebe seu nome, em frente à Escola Estadual Monte das Tabocas. Inclusive, é possível notar os traços arquitetônicos da casa que sobrevive ao tempo. O primeiro prédio da Delegacia funcionou na Osvaldo Aranha, onde hoje está a loja Lebes. Após, transferiu-se para o segundo piso do prédio na esquina da Principal com a General Osório. E finalmente, em 1975, acomodou-se no atual endereço, na rua Tiradentes.

Delegacia de Polícia de Venâncio Aires

 

 

 

 

Glossário

Alferes: patente militar que, inicialmente designava o militar que carregava estandarte ou a bandeira. Existiu no Brasil até 1905, e corresponde hoje em dia ao segundo-tenente ou subtenente;

Vila Rica: antigo nome para atual cidade de Ouro Preto, que modou de nome em 1823. Foi uma importante cidade no Brasil Colônia, pela suas riquissímas resevas de ouro,  

Ciclo do Ouro: período acontecido no século XVIII, quando a extração de minérios, principalmente, o ouro, no atual estado de Minas Gerais, era o principal motor da economia do Brasil;

Iluministas: pensadores ou ideias que seguiam o iluminismo, movimento nascido no século XVIII, na Europa. Defendiam a razão, o progresso e a liberadde de expressão;

Joaquim Silvério dos Reis: nacido no atual município de Leiria, Portugal, viveu entre 1756 e 1819. Era Coronel Comandante do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Borda do Campo, mas sua fama vem da delação aos rebeldes da Inconfidência Mineira. Como prêmio por sua traição, exigiu uma certa quantidade de ouro, o perdão das dívidas fiscais, a nomeação para o cargo de Tesoureiro das províncias de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás, uma mansão para moradia, pensão vitalícia, título de Fidalgo da Casa Real, fardão e hábito da Ordem de Cristo e um encontro em Lisboa com o Príncipe Regente Dom João. Não se sabe se o pagamento realmente foi cumprido. 

Marechal Deodoro da Fonseca: marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1829-1892), nascido na antiga Cidade do Alagoas, proclamou a República do Brasil em 1889, dando fim a monarquia, instaurando o presidencialismo, sendo ele o 1º Presidente do Brasil. Governou na chamada República da Espada, de forma centralizada, passou por uma crise política e econômica, renunciando em 1891.

General Castelo Branco: general Humberto de Alencar Castello Branco (1897-1867), nascido em Fortaleza, foi presidente na primeira fase da DItadura Militar, instaurada pelo Golpe de 1964, no qual foi um dos articuladores. Em seu mandato, foi promulgado o Ato Institucional 2 (AI-2), onde aboliu o pluripartidarismo no país e concedeu poderes ao Presidente da República para cassar mandatos de deputados e convocar eleições indiretas.

 

 

 

 

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